13.10.2016
Do blog VI O MUNDO
por Paulo Copacabana, especial para o Viomundo
2016 parece encerrar um ciclo político marcado pela emergência da centro esquerda liderada pelo PT e pela figura de Lula.
Um ciclo que introduziu importantes políticas sociais, abriu espaço político para segmentos historicamente excluídos, recuperou o poder de compra do salário mínimo, começou a reduzir as desigualdades sociais e implantou algumas políticas econômicas de cunho desenvolvimentista, como a ampliação do crédito e os investimentos publicos em infraestrutura.
Neste ciclo, porém, não arranhamos muitas das questões produtoras das enormes desigualdades no país: a reforma tributária não avançou, perpetuando-se um sistema que “tira do pobre e da classe média para dar aos ricos”.
Mantivemos um sistema político dominado pelo poder econômico e máquinas eleitorais, com baixa participação política fora das eleições e, agora, crescente ausência de participação também nas eleições.
Mantivemos intacto um sistema de comunicação quase monopólico, onde o verdadeiro debate de idéias não tem lugar.
Mantivemos a primazia do setor financeiro e do rentismo sobre a lógica econômica do país, produzindo arrochos fiscais constantes sobre o orçamento público e impondo taxas de retorno inalcançáveis para o investimento produtivo privado.
Esse conjunto de sistemas está carregando novamente o país para um novo/velho ciclo neoliberal.
Um neoliberalismo tardio. Mais agressivo ainda do que aquele visto nos anos 90, já que emerge pós crise do capitalismo financeiro em 2008 e não tem muito “tempo a perder”.
Quando a consciência cidadã emergir nos quatro cantos do planeta, inclusive no Brasil, e perceber que a financeirização da riqueza, livre mundialmente, produziu esta crise, a reação social será implacável.
Afinal, a financeirização da riqueza só tem concentrando recursos nas mãos de poucos bilionários e produzido crises políticas, econômicas e sociais no mundo inteiro.
Até lá, assistiremos a uma nova agenda antidemocrática, antinacional, antipopular e antipública. Não sem empreendermos muita luta. Por supuesto.
Republicou isso em JARARACA PERNAMBUCANA.
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